Bom senhores.
Em primeiro lugar quero dizer que vou sim experimentar o produto. Já encomendei e assim que chegar e utilizar presto minhas opiniões.
Pode ser que ele seja apenas efeito placebo mesmo, mas ao menos, não vi até agora relatos de que ele faça mal.
Esse produto já foi amplamente discutido em vários fóruns e na minha opinião a unica coisa que percebi é que não existe nada conclusivo sobre o assunto. Nada palpável, com números e aferições. A unica coisa que observei é que como já foi dito aqui, quem usa recomenda, que não usa, desce o pau.
Agora em relação a tecnologia dele ser militar e etc isso sim é um pouco de lenda. Pelo que eu pude verificar; na realidade ele foi criado para uso em armas e não em helicópteros como foi citado aqui.
Em outro fórum que eu participo, um companheiro fez uma busca sobre o assunto, um pouco mais aprofundada e obteve uma serie de informações interessantes. Vou transcrever o texto dele, que é longo, mas pra quem tem interesse em tentar entender algo sobre o produto, vale a pena ser lido.
Eu não vou opinar ainda sobre o produto. Prefiro utilizar para depois relatar o que ocorreu.
Segue o texto:
"Pessoal,
Li todo o tópico (mais de uma vez), vi os vídeos que ainda estão disponíveis e procurei examinar todos argumentos, contra ou a favor, pois queria tomar uma decisão informada antes de começar a usar o produto.
O que eu verifiquei é que as informações que nós temos postadas até agora dividem-se basicamente em três categorias:
1) O post original traz a lista de benefícios do produto. Pessoalmente, considero isso mais como argumentos de venda do fabricante do que como informação, já que nenhum desses benefícios até agora foi comprovado ou refutado de forma definitiva.
2) Experiências pessoais positivas: Quem usou, aprovou e recomenda o produto geralmente apresenta seu convencimento com base em critérios subjetivos: "Senti o carro mais solto", "Está mais liso", "O barulho mudou". Isso é interessante, mas não dá pra quantificar. Não é suficiente para estabelecer se o benefício compensa o custo ou até mesmo se ele existe.
3) Experiências pessoais neutras: A maioria das pessoas que usaram o militec disseram não ter percebido qualquer vantagem mensurável. Aparentemente, o único consenso REAL é que ele não piorou as coisas. Até aí, é que nem amarrar terço no retrovisor. Uns juram que protege. Mal não faz...
E, realmente, considerando o fim a que o produto se propõe, é difícil chegar a um resultado concreto sem testes longos, com uma metodologia definida. Como ninguém (nem o fabricante) vai adquirir um par de veículos, aplicar o produto em um veículo (teste) e não no outro (controle), rodar com os dois veículos por uns 150.000km exatamente nas mesmas condições, usando os mesmos combustíveis, lubrificantes e manutenções, e então abrir os motores para comparar os resultados, não temos qualquer resposta definitiva.
Ou seja, o que temos até agora como base para tomar a decisão de usar ou não são as promessas do vendedor e as opiniões dos consumidores.
Como eu sou desconfiado por natureza, fui cavocar a rede para ver o que encontrava.
Para facilitar a vida dos outros curiosos, estou publicando aqui os resultados da minha "investigação".
Aviso: O texto é longo, duro e cheio de nervos.
Decidi começar pelo local mais óbvio: fui ver o site da empresa que fabrica o militec.
De cara, não tive uma boa impressão. Parece um dos sites que eu fazia em 1996 com o bloco de notas.
Sei que parece preconceito, mas acompanhe meu raciocínio:
Se uma empresa oferece um produto revolucionário em uma indústria EXTREMAMENTE competitiva como a automobilística, certamente deve estar investindo MILHÕES em pesquisa e tecnologia. Se eles fornecem para o exército dos EUA, não tá sobrando uma graninha para contratar um webdesigner não?
Enfim, aparência não é tudo, o que importa é o conteúdo, etc. Fui ler o site.
Bom, eles não revelam qual é a composição do produto de jeito nenhum. Mas tem algumas pistas:
O MSDS (Material Safety Data Sheet - Ficha de Dados de Segurança de Material) não inclui a composição, mas, na seção 10, Estabilidade e Reatividade, tem dois dados interessantes.
CONDIÇÕES A SEREM EVITADAS - ESTABILIDADE: Altas temperaturas.
SUBPRODUTOS OU PRODUTOS DE DECOMPOSIÇÃO PREJUDICIAIS: Óxidos de carbono, GÁS CLORETO DE HIDROGÊNIO. A decomposição térmica pode causar a liberação de gases e vapores irritantes.
Bom, posso estar redondamente enganado, mas creio que cloreto de hidrogênio é o popular ácido clorídrico, não?
Na seção VEHICLES do site, o último link na caixa vermelha à esquerda diz NÃO USE MILITEC-1.
Nesse link, eles dizem que o produto é ótimo para todo mundo e que todo mundo pode usar, mas, PARA SEREM COMPLETAMENTE HONESTOS, há alguns poucos casos em que não se deve usar MILITEC-1.
Um desses casos é: "Se o fabricante do equipamento especifica que você deve evitar lubrificantes com cloro, você NÃO deve usar MILITEC-1".
Então tem cloro mesmo.
Continuei pesquisando e achei alguns artigos escritos por engenheiros mecânicos e químicos. Nesses artigos, eles explicam que o uso de lubrificantes (ou aditivos) com parafinas cloradas não é uma tecnologia nova e que isso já existe desde os anos 30. Tem até uma categoria específica para eles: são os lubrificantes EP (Extreme Pressure). Nem todos eles usam parafinas cloradas.
Eu nunca fui bom em química na escola, mas pelo que eu consegui entender, o problema com esses aditivos é o seguinte: os compostos clorados se decompõem em altas temperaturas nos pontos de contato de alta pressão, gerando uma camada de cloreto de ferro, que reduz o desgaste nos pontos de contato. Isso é que gera os resultados impressionantes nos vídeos.
O problema é que o cloreto de ferro, na presença de umidade (mesmo em quantidades minúsculas), se decompõe em ácido hidroclorídrico. Esse ácido ataca o aço (e destrói cobre), gerando mais cloreto de ferro e intensificando o processo. Por isso, os agentes EP em óleos de motor usam compostos de enxofre/fósforo não corrosivos desde 1960. Nenhum fabricante de óleo de motores usa parafinas cloradas porque isso aumenta o risco de corrosão para níveis inaceitáveis. Portanto, as parafinas cloradas NÃO TÊM APLICAÇÃO AUTOMOTIVA.
...Considerando que o quilo da parafina clorada não deve custar mais do que cinco dinheiros, realmente seria um PUSTA negócio vender isso a peso de ouro como "produto performance".
Isso me deixou cabreiro. Se esse troço é perigoso, como eles podem ser fornecedores "oficiais" do exército dos EUA?
E aí descobri que a história é um pouco diferente do que dizem por aí...
Acabei pescando um documento de 24 páginas, elaborado por um órgão de auditoria do governo americano (US-GAO - Government Accountability Office) exatamente sobre esse assunto. Esse documento mostra os resultados de uma auditoria feita entre julho de 2008 e abril de 2009. Quem quiser baixar o original pra dar uma lida, é só ir no site (gao.gov), digitar "militec" na caixa de pesquisa e clicar no primeiro resultado.
Vou tentar encurtar a história porque esse post já virou novela. Senta que lá vem história.
Para fornecer um produto ao governo federal americano, mais especificamente ao DoD (Department of Defense), esse produto precisa ser avaliado e aprovado de acordo com os critérios definidos pelo governo; se for aprovado, ele recebe um número de série nacional.
A Militec enviou uma PROPOSTA para que o produto fosse avaliado. Eles nunca forneceram a composição do produto! Mas aproveitaram para mandar um monte de "amostras grátis" para os soldados.
Entre 1988 e 2006, o MILITEC-1 foi testado e avaliado 11 vezes pelos serviços militares americanos, em várias aplicações:
Limpeza, lubrificação e preservação de armas leves;
Condicionador de metais;
Lubrificante de uso geral;
Aditivo de lubrificante.
O produto foi REPROVADO em 9 dos 11 testes realizados, não sendo considerado aceitável em nenhuma das três primeiras categorias acima.
Em 1988 e 1989, o MILITEC-1 passou em testes e avaliações da Marinha e do Corpo de Fuzileiros (Marine Corps) SOMENTE como aditivo de lubrificante.
Por isso, em CARÁTER PROVISÓRIO (por 2 anos), foi aprovada uma autorização limitada de qualificação para o uso do MILITEC-1 como aditivo de lubrificante, somente em equipamentos mecânicos.
Em 1992, a marinha mandou parar de colocar militec-1 em todos os lubrificantes e descartar o estoque, porque os testes químicos revelaram que o produto continha cloro e o uso de aditivos clorados é PROIBIDO pelo Departamento de Defesa desde o final da década de 1950.
...Aí parece que rolou um lobby forte (19 congressistas botando pressão) e o mesmo Departamento de Defesa resolveu, em 1993, conceder os números de série nacionais (obrigatórios para os fornecedores "oficiais" do governo federal), APESAR do produto não ter sido aprovado pelas engenharias das forças armadas. Outros testes foram feitos.
Em 1994, a Agência de Logística de Defesa começou o processo para CANCELAR os números de série nacionais emitidos para a militec, porque todos os testes CONFIRMARAM que o produto tinha e sempre teve cloro. O acordo que eles fecharam foi que os números de série iniciais (emitidos como ADITIVO DE LUBRIFICANTES) seriam cancelados e emitiriam três novos números para que o produto pudesse ser comprado pelo governo federal como LUBRIFICANTE DE ARMAS LEVES.
A auditoria não conseguiu descobrir como ou por que esse uso foi aprovado pelo departamento de defesa.
Em 1995, os oficiais da Agência entraram em contato com as áreas de engenharia de cada uma das Armas e descobriram que nenhuma delas aprovava oficialmente o uso do MILITEC-1 em armas leves. Como a bagaça só podia ser comprada como lubrificante de armas e ninguém queria usar (pelo menos oficialmente), a agência bloqueou os novos números de série, efetivamente impedindo a compra de MILITEC-1 por todas as forças armadas dos EUA do final de 1995 até 2003.
Em março de 2003, por causa de uma falha na atualização de sistemas, o MILITEC-1 apareceu de novo no sistema e várias requisições foram feitas. Como a merda já estava feita, fizeram uma autorização "póstuma" de 60 dias, de maio a julho de 2003, para uso do produto.
Em outubro de 2003, o exército mudou de ideia e pediu que o produto fosse fornecido novamente (como lubrificante de armas leves) enquanto novos testes eram feitos. Em 2006 eles aparentemente concluíram que não era lá essas coisas mesmo e pararam de comprar.
Nenhuma das forças armadas dos EUA compra militec-1 oficialmente desde então.
Eles ainda vendem para vários órgãos e até para outros países, mas o grande volume de negócios deles é como lubrificante de armas e não como condicionador de metais.
Inclusive, num dos fóruns onde eu fui xeretar, um ex-soldado falou que, na época, todos os frascos pequenos de MILITEC-1 comprados pelo exército dos EUA (como lubrificante de armas) especificavam claramente no rótulo que NÃO PODIAM SER USADOS EM MOTORES.
Isso é tudo. Espero que as informações possam ser úteis. Se tiver alguma coisa errada, por favor, fiquem à vontade para corrigir. Não estou tentando influenciar a opinião de ninguém, apenas trazer mais informações para a discussão.
Abraço!"